No Brasil, o descarte de resíduos perfurocortantes (por exemplo, agulhas, lâminas de bisturi, seringas com agulha, ampolas de vidro quebradas, pontas diamantadas usadas em procedimentos odontológicos etc.) segue normas específicas para proteger a saúde de trabalhadores e evitar contaminações. Em linhas gerais, essas orientações encontram respaldo na RDC ANVISA nº 222/2018, na Resolução CONAMA nº 358/2005, na RDC ANVISA nº 306/2004 (revogada em alguns trechos, mas ainda utilizada em vários aspectos) e em normas ABNT, como a NBR 13853, que trata de embalagens para resíduos de saúde.
Abaixo, os principais pontos sobre o correto descarte de perfurocortantes:
1. Definição e exemplos de perfurocortantes
- Definição: Qualquer objeto ou instrumento capaz de cortar, perfurar ou produzir lesão, potencialmente contaminado com material biológico.
- Exemplos: Agulhas, lâminas de bisturi, lancetas, ampolas de vidro, microagulhas, escalpes, pontas de sugador odontológico metálicas que possam perfurar, pontas diamantadas, brocas de alta rotação, entre outros.
2. Recipientes adequados
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Caixas de descarte rígidas
- Fabricadas em papelão estruturado e impermeabilizado, ou em plástico rígido, preferencialmente aprovadas pela ANVISA ou seguindo padrões ABNT.
- Devem conter tampa que possa ser vedada definitivamente (evitando abertura após o descarte).
- Resistentes a perfurações, vazamentos e rupturas, para garantir a segurança no manuseio.
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Identificação e cor
- A embalagem deve ser amarela ou outra cor que atenda às leis locais, mas principalmente identificada com o símbolo de Risco Biológico e a inscrição “PERIGO – PERFUROCORTANTE” ou similar.
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Procedimento de enchimento
- Recomenda-se preencher até 2/3 (dois terços) da capacidade total da caixa para evitar riscos de acidentes no fechamento.
- Após atingir esse limite, a caixa deve ser lacrada e substituída.
3. Local de descarte e manuseio
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Descarte imediato
- O perfurocortante deve ser descartado imediatamente após o uso, evitando deixá-lo exposto em bancadas ou lixeiras inapropriadas.
- Essa atitude reduz o risco de acidentes e contaminações.
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Acesso restrito
- As caixas devem ficar em local de fácil alcance para os profissionais que realizam o procedimento, mas fora do acesso de pessoas não autorizadas (pacientes, público em geral).
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Nunca reencapar agulhas
- A prática de reencapar agulhas é fortemente contraindicada por aumentar o risco de acidentes perfurocortantes.
4. Transporte interno e externo
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Armazenamento temporário interno
- As caixas devem ficar em locais seguros, até o momento de recolhimento para armazenamento temporário central (dentro do estabelecimento).
- Evitar impactos ou queda das caixas.
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Transporte externo
- Deve ser realizado por empresa especializada e licenciada para transporte de resíduos de serviços de saúde, seguindo as normas de produtos perigosos (classe 6.2) no que couber, incluindo o uso de veículo com simbologia adequada.
5. Tratamento e destinação final
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Tratamento
- Muitos resíduos perfurocortantes são encaminhados para autoclavagem ou incineração (ou outra tecnologia aprovada, como micro-ondas), dependendo da legislação local e do contrato com a empresa de coleta.
- O objetivo é inativar agentes biológicos antes do descarte definitivo.
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Destinação final
- Após o tratamento (quando exigido), os resíduos são encaminhados a aterros sanitários licenciados ou para co-processamento, incineração ou outro método ambientalmente correto, conforme a legislação vigente.
6. Obrigação legal e consequências de descarte incorreto
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Legislação
- As principais normas são: RDC ANVISA 222/2018, Resolução CONAMA 358/2005 e Legislação Estadual/Municipal.
- Estabelecimentos de saúde (inclusive clínicas odontológicas) devem ter Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), onde consta a forma de descarte de perfurocortantes.
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Penalidades
- Descartar perfurocortantes em lixo comum ou de forma irregular pode acarretar multas, interdições e até responsabilidade penal (Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605/1998), além do risco de indenizações por acidentes.
7. Treinamento e conscientização
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Equipe informada
- Todos os profissionais (cirurgiões-dentistas, auxiliares, técnicos, pessoal de limpeza) devem conhecer e cumprir o procedimento adequado de descarte de perfurocortantes.
- Treinamentos periódicos reforçam a importância do descarte imediato e seguro.
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Uso de EPIs
- Luvas de procedimento, avental, máscara e protetor facial são fundamentais no manuseio de instrumentais contaminados, evitando riscos de contaminação.
Conclusão
O correto descarte de resíduos perfurocortantes é essencial para prevenir acidentes, garantir a biossegurança dos trabalhadores e evitar contaminações. Seguindo as normas de acondicionamento (em recipientes rígidos e identificados), tratamento e destinação final, clinicas e hospitais odontológicos cumprem a legislação, protegem seus profissionais, a comunidade e o meio ambiente.
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