O tratamento do lixo infectante (Grupo A) tem um objetivo técnico claro: redução de carga microbiana. Em termos simples, o processo deve matar bactérias, vírus e fungos a tal ponto que o resíduo deixe de ser perigoso e possa ser descartado como lixo comum (em aterro sanitário) ou usado para gerar energia.
Na legislação brasileira (RDC 222/2018), existem tecnologias térmicas e não-térmicas. Aqui estão os processos mais utilizados e aceitos:
1. Autoclavagem (O mais comum e sustentável)
É o método mais utilizado no Brasil atualmente por ser mais barato e ecologicamente mais amigável que a queima.
Como funciona: Funciona como uma gigantesca panela de pressão. Os resíduos são colocados em câmaras de aço e submetidos a vapor saturado sob alta pressão e temperatura (geralmente entre 134°C e 150°C) por um período controlado (cerca de 30 a 60 minutos).
O Resultado: O plástico derrete parcialmente e o lixo sai estéril, úmido e compactado. Muitas usinas trituram o material antes ou depois para descaracterizá-lo (para que ninguém identifique que era uma seringa ou bolsa de sangue).
Vantagem: Não gera fumaça nem cinzas tóxicas.
Restrição: Não serve para peças anatômicas (membros amputados) ou animais mortos.
2. Incineração (Térmico por Queima)
É a destruição total pelo fogo controlado em alta temperatura.
Como funciona: O resíduo é queimado em fornos especiais com duas câmaras. A primeira queima o lixo (acima de 800°C) e a segunda queima os gases gerados (acima de 1200°C) para evitar poluição do ar.
Obrigatório para:
Grupo A5 (Príons): Tecidos com suspeita de "Vaca Louca" (Creutzfeldt-Jakob), pois o príon resiste à autoclave.
Peças Anatômicas: Membros, fetos.
Carcaças de Animais: De laboratórios ou clínicas veterinárias.
Quimioterápicos: (Grupo B) que muitas vezes estão misturados com infectantes.
Vantagem: Reduz o volume do lixo em até 95% (sobra apenas cinza).
Desvantagem: Alto custo operacional e risco de emissão de Dioxinas e Furanos (cancerígenos) se os filtros da chaminé falharem.
3. Micro-ondas (Desinfecção por Radiação Eletromagnética)
Uma tecnologia mais moderna que vem ganhando espaço em hospitais que tratam o lixo in loco (dentro da própria unidade).
Como funciona: O resíduo é primeiro triturado e umidificado com vapor. Depois, passa por um túnel de micro-ondas que agita as moléculas de água dentro das células dos microrganismos, elevando a temperatura de dentro para fora e destruindo os patógenos.
Vantagem: Processo rápido, limpo e sem vasos de pressão perigosos.
Desvantagem: Custo de manutenção alto e exige trituração prévia (as lâminas desgastam rápido com metais).
4. Tratamento Químico (Desinfecção)
Menos comum para grandes volumes, mas usado para líquidos ou situações específicas.
Como funciona: Os resíduos são triturados e banhados em substâncias químicas potentes (como hipoclorito de sódio em alta concentração, ácido peracético ou glutaraldeído).
Desvantagem: O produto químico resultante também é um poluente e precisa ser neutralizado antes de ir para o esgoto ou aterro.
Tabela Comparativa para Decisão Gerencial
| Tecnologia | Custo Operacional | Redução de Volume | Impacto Ambiental | Indicado para |
| Autoclavagem | Médio | Médio (compactação) | Baixo (Vapor de água) | Maioria do Grupo A (Infectantes gerais) |
| Incineração | Alto | Altíssimo (vira cinza) | Risco Atmosférico | Anatômicos, Animais e Químicos perigosos |
| Micro-ondas | Alto (Energia) | Médio | Baixo | Tratamento dentro do hospital |
Como saber se funcionou? (Monitoramento Obrigatório)
Não basta ter a máquina. A Vigilância Sanitária exige provas de que o tratamento matou os germes. Isso é feito através de Indicadores Biológicos.
Coloca-se uma ampola contendo esporos da bactéria Geobacillus stearothermophilus (uma bactéria super resistente ao calor) junto com a carga de lixo.
Se após o processo a bactéria estiver morta, o ciclo foi validado e o lixo pode ir para o aterro comum.
Se a bactéria sobreviver, o lote inteiro deve ser reprocessado.
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